Reflexão para o dia do Meio Ambiente
Como um bom Educador Ambiental não poderia deixar de levar todos nós a uma breve reflexão sobre os acontecimentos do presente que nos afeta positiva ou negativamente e que são fruto de ações planejadas, mas não executadas no passado. Uma frase escrita por Moacir Gadotti revela que para entender o futuro é preciso revisitar o passado. É exatamente pela possibilidade de revisitar o passado que destaco uma figura que do século XVIII que nos deixou uma bela lição sobre suas idéias revolucionárias.Trata-se de José Bonifácio de Andrada e Silva. Sua história não pouco foi mencionada nos livros e cabe neste espeço revelar. José Bonifácio era filho de família da aristocracia portuguesa, vivia em Santos, São Paulo e teve sua formação universitária iniciada aos 20 anos onde prosseguir seus estudos na Europa. Foi cientista, magistrado e filósofo. Suas idéias se à época fossem colocadas em prática, possibilitaria ao Brasil, a construção de um ambicioso e surpreendente projeto nacional de alcance social, político, econômico e ambiental que certamente produziriam benefícios por séculos para as gerações presentes e futuras. O seu projeto incluia a abolição do tráfico, extinção da escravidão, incorporação dos índios à sociedade, miscigenação orientada para suprimir choques de raças e de classes, substituição do latifúndio pela subdivisão e entrega de terras a escravos e indígenas, preservação e renovação das florestas, localização adequada de vilas, aproveitamento e distribuição adequada das águas, e como sofria influencia das idéias iluministas da época, propunha benefícios práticos para a promoção das riquezas econômicas.
De posse dessas idéias, José Bonifácio sonhava em aplicá-las no Brasil, após deixar a Europa aos 56 anos. No entanto para os senhores e traficantes de escravos, as suas idéias eram um duro golpe para os grandes lucros obtidos que lucravam com o tráfico e derrubada de árvores que alimentava e concedia privilégios às classes dominantes. Ao entenderem que suas idéias estavam fora de lugar e tendo o egoísmo e a ganância dominando as mentes dos poderosos, José Bonifácio não os fazia enxergar que suas idéias produziriam ganhos para todos já que representaria aumento do poder de compra, lucros mas respeitando o meio ambiente e garantindo direitos para todos. Embora tenha sido membro de família aristocrática da época e sendo considerada a 2ª família mais rica do estado de São Paulo, foi pressionado e conseguiram retirá-lo do cargo. Em seu lugar, foi nomeado para o cargo de secretário da fazenda, o genro do maior traficante de escravos da época. Como todo intelectual que incomodava os poderes constituídos impostos, José Bonifácio foi exilado, mas não desistiu de suas idéias e somente não foi morto por fazer parte de uma família rica e próspera.
Voltando ao presente, percebe-se que a dívida social e ambiental que os governantes tem com o seu povo é histórica e impagável. Muitas vidas foram ceifadas para atender interesses econômicos e privilêgios. No mundo de hoje, pouca coisa mudou e pouco temos ainda a comemorar em relação a este dia. Aqueles que ainda se mantém no poder e estão a serviço de interesses de classes privilegiadas, continuam ditando as regras do jogo. Se um dos filhos que estiverem no poder, propor idéias até mais avançadas que a de José Bonifácio de Andrada e Silva, certamente será retirado pois as idéias estarão fora de lugar. Se não for do poder, poderemos assistir nas telas das TVs, nas capas de revistas e jornais o que já aconteceu com Chico Mendes, irmã Doroty, e mais recentemente com o líder extrativista José Cláudio Ribeiro da Silva e sua mulher, Maria do Espírito Santo, mortos em uma emboscada no município de Nova Ipixuna, no estado do Pará.
Assim, no dia mundial do meio ambiente, devemos refletir e disseminar um pacto silencioso para eleger presidente, governadores, deputados, senadores, vereadores para que possamos assistir na TV, nas rádios e jornais uma outra história que está em curso e precisa de um novo enredo.
A história que se encontra em curso reivindica o pagamento da dívida social e ambiental que nos garanta igualdades de direitos, distribuição das riquezas como água, acesso a terra para produzir alimentos, sustentar as famílias, gerar empregos, acesso a educação de qualidade, ar puro, uso e respeito à capacidade de regeneração dos biomas.
Para isso, o cenário atual e futuro deverá garantir o respeito a um princípio fundamental para o dia do meio ambiente que é a manutenção da vida do planeta em toda a sua diversidade
Quer saber mais, acesse os esboços de Juliana Bublitz em
Delamare Mello é Biólogo, Educador Ambiental, editor do Blog Ciclos e escreve mensamente para este Blog
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